Assim me sinto hoje, escrava de um sistema que não permite minha ida
Trancafiaram-me no que denotam ser uma cidade
E eu a caracterizo por Nerruda “morrer lentamente”
Hoje entendo bem os versos de Metal contra as nuvens
“Tenho os sentidos já dormentes, o corpo quer e a alma entende”
Neste lugar não tenho sonhos, não existo, perdi minha identidade
Tentei fugir, mas a sociedade me aprisionou ao brandir:
- A fuga é recurso dos fracos!
Fraca? Indaguei-me.
Jamais serei, a resposta ecoava em minha mente
Percorria meu sangue
Mas é o que sou, cedi aos caprichos do que eu maldigo
Mário Quintana já dizia
Analfabeto é o que sabe ler e não lê
Ah, não li...
Até a pouco nem essas linhas conseguiam percorrer meus anseios
Agora já escrevo e li
Agora vou prolongar o meu exílio, não me conformando com as migalhas oferecidas
Contudo, planejando o meu triunfo, a volta, a ressurreição.