sexta-feira, 8 de julho de 2011

O equívoco do invento


Inventei um modo meu

Meu? Na verdade não, nosso

Digo não só eu, você ou ele, nós

E tudo era como nós pensávamos

Até pararmos de pensar o pensado

E perceber que tudo não se passava de meros retornos pensados ou impensados.

Ao ritmo machadiano


Brinquei com todos os sentimentos que pude

E nesse passo, as pessoas já não eram o que deveriam ser

Ri de cada “bruto, rústico e sistemático”

Mas não deixava de rir da minha pintada soberania



Cansei de ouvir o que os ouvidos zombavam

Mas pertimi-me filtrar

E ria, mas como ria de saber que todo o meu corpo se ritmava nessa dança irônica



Dança sem fim, graças



Chorei quando como um poeta frustrado quis encaixar versos incaxáveis

E continuei a rir do meu ato artificial

Então procurei criar e criei



Das minhas criações a insanidade prevalece

E não me envorgonho do que é “anormal”

Só imploro, use os rótulos que eu criei, não os estereótipos.



Dança sem fim, graças

A entrega

-Oi! Preciso de um favor, envie este bilhete a qualquer pessoa que você ver olhar para o céu com ar encantado e depois sair andando sem direção a procura do nada. Mas, quando for abordar esta, não a assuste, pois ela estará em um mundo distinto e todo contato deve ser mediado com extrema beleza e ternura, por mais grotesco que possa ser. Não diga nenhuma palavra, só olhe em seus olhos e faça com que seu olhar sorria por esses breves segundos. Ah, algo importante, essa pessoa ao receber o papel o olhará alguns instantes antes de abri-lo, se a ação for contrária, tome o papel, pois este ser não o merece. Só irá pertencer a quem souber saborear cada linha contida ali. Mais uma coisa, se tiver vontade de ler, leia, mas não se esqueça que, como disse Ana Cristina César, pode ser fatal virar-se ao avesso.