quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Despertaste-me


Meus olhos pesaram, meu corpo exigiu repouso
Mas meu desejo despertava-me
Luta indomável
Que pensei cessar
Quando o silêncio predominou no recinto.
Abriram a porta, não acompanhei os passos
Mas, eles em minha direção vinham
Adormecida vi o que quis
Apenas uma linguagem reinava
Adeus verbo
Comunicação intensa
Emitia e recebia cada toque
Acorde!
A quem queria enganar?
A muito já havia despertado, e a comunicação persistia
Diálogo primitivo
Queimava
O ar se escondia
Ouvidos alheios podiam ouvir as exaltações
Ouviram-se? O tempo não permitiu observações gerais
Restringia-se ao som da cobiça
E o verbo se fez presente, depois foi passear
E o sono voltou em seu lugar
Adormeci, acordei e o verbo silencioso estava do lado do meu travesseiro.

Ritmo



Não me adapto a certos ruídos
Eles também não se sentem atraídos por mim
Há uma relação de negativa mútua
E não me incomodo com os rótulos a mim atribuídos por essa razão
Nem tão pouco com essa indiferença recíproca.
Minha angústia consiste em bailar no meu ritmo,
Em seguir a minha melodia,
Em descobrir a combinação de novas notas,
Em explorar meu corpo em movimento
E sentir que a canção ainda está no início,
Que eu posso parar, rever, respirar
E sentir o sentido da vida.
Se uns se repelem,
Bendito os que se atraem
Sons a se misturarem
Junções que embalam ações
Ações conduzidas
Recriminadas
Aclamadas
Sonhadas
Desprezadas
Aplaudidas
Ah, admiradas e odiadas.
Lágrimas, sinto seu som
Há gritos, desespero
Os ruídos são alheios, apenas alheios.

domingo, 2 de agosto de 2009

Eu e outros eu


O mundo que eu vivo não me permite sentir minha própria pulsação
Ele exige que eu esteja sempre pronta e disposta
Mas nem se quer pergunta se posso ir
Ele me envia a lugares que eu, no meu eu, não iria
Penso que posso fugir de suas entranhas
Inocência? Ignorância?
Suas larvas respingam em mim, já sou um pouco delas.
Exílio, clama o eu interior
O ruído predomina na multidão
Trabalho, estudo, dinheiro, padrão
TV, jornal, revista, internet, máquinas
Onde estão as pessoas?
Onde estão as respostas?
Onde está meu eu?
Onde está?


MeU


EU...

sábado, 1 de agosto de 2009

Chamado


Se eu o chamo não é em vão
Há detritos
Os farejo, consumo-os
e essa overdose me faz viva
Dou trote nos meus desejos
Conecto ao que meus olhos julgam ser seu
E me perco nesta vaidade.
Inspiro a fragrância da ilusão
E expulso toda a realidade
ao chamá-lo e nem um sinal receber
Questiono-me, há falhas nessa comunicação?
Será que não funciona minha expressividade?
Ou a falha está no canal?
Se for, repetirei o chamado com mais enfâse
Testarei, ouviu?
Só silêncio...
A ausência da palavra pode ser uma resposta
porém, enquanto, a palavra não se apresentar pelo chamado
Vou monologando...