sábado, 26 de dezembro de 2009

Eu sei

Eu sei que é simples
Que nada é mais fácil que normatizar
Eu sei que é só me adequar ao que disseram ser adequado
Mas não me conformo com o padrão
Ruptura, denoto-me assim


Eu sei que falam que devo não olhar para trás
Mas foi lá que comecei a construir o que hoje vês
Eu sei que não deveria falar que não concordo
Mas eu não aquento falar o que eu não quero
Rasga, quebra...


Eu sei que não sei acomodar
Eu sei que não sei acreditar em promessas vãs
Eu sei que não sei viver a lógica ilógica
Eu sei que não sei conformar com o inconformável


Eu sei que não sei parar enquanto o mundo o gira
E eu não paro, eu sei.

Guardado



O sol apareceu
As estrelas continuam a brilhar
A música não cessa
O som dos carros ecoa
Barulhos confrontam com o silêncio
A voz não veio
Não veio o amor que se jurou
Não veio...


Estava guardado em mundo irreal, não sei
Estava a espera para sair
Todavia, não saiu
A lua, sim, ela compareceu
A noite estava com plano de fundo
E marcou o profundo momento que não aconteceu
Não aconteceu o amor que se jurou
Não aconteceu...

sábado, 12 de dezembro de 2009

Memória





Cazuza já cantava “o tempo não para”
Ah, não para
Chorei ao saber da vitória e também da derrota



Os dias passam e ninguém me pergunta o que foi
Mas foi
Passou


As feridas ainda estão abertas
Dói ver a razão delas
Dói saber que as abri


Mas me renovo e fortaleço por saber que irão se cicatrizar
E por mais que estejam sempre comigo
Lembrarei com honra do caminho que percorri
E de cada marca que há em mim


Lembrarei que Cora Coralina fez castelos de pedras
Que o operário fez a construção
Que tudo que posso e quero não é pouco, não é em vão
Está tudo, tudo marcado... memória.

Foi assim




Foram 365 dias

Tudo bem que vi o mar

Mas faltou


Faltou o dia que não veio

O sonho que ainda está adormecido

Ah, faltou mais um dia


Um dia...

Virão mais 365 e a falta não pode estar presente

Presente que se constrói


Eis o novo

Eis a batalha

Eis os sonhos


Êee tríade insiste, vida!

domingo, 8 de novembro de 2009

Oirartnoc ao


Oirartnoc ao
É assim que vejo o mundo
as pessoas
você
eu

Oirartnoc ao
Vejo assim os valores
os números
os sonhos
eu


Oirartnoc ao
Estão os ensinamentos
a natureza
a beleza
eu

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Professor: a realidade

Muitos ainda não nos enxergaram,
mas sabem de nossa existência,
sabem de nossa vontade em somar e
em melhorar nossa realidade através do que somos e conhecemos.



Não é fácil viver sem reconhecimento,
ainda mais sabendo de nossas lutas cotidianas,
sabendo que mesmo sem um aplauso, todos cobram
Ah... qualidade, atenção, amor, dinamismo, inteligência...



Tantas cobranças, tantas...
Sabemos que elas nos motivam, nos faz querer ser mais
Ser um profissional melhor,
um trabalhador que vive em uma atmosfera única e enriquecedora.



Conhecer pessoas diferentes
Sonhar um sonho coletivamente
Fornecer meios para que os anseios se concretizem, estimular
dar asas a pessoas que nem acreditavam em poder voar



Ser professor é reconstruir
É acreditar no impossível e trazer à tona a possibilidade
É ser você mais muitos
É compartilhar


Ser professor é guiar
É enxergar o futuro ali diante de seus olhos
É lapidar cada preciosidade humana
É viver de desafios e glórias



Ser professor é reconhecer as deficiências humanas
Mas não se intimidar diante delas,
pois por mais que ainda muitos não reconheçam a nossa importância
Reconhecemos-nos: eis os semeadores de sonhos, conhecimentos, ensinamentos...




domingo, 11 de outubro de 2009

O inverno em mim

Versão do poema "A Daughter Of Eve" by Christina Georgina Rossetti (1830-1894)

Meus olhos foram vendados
por um sentimento alienador ou não
fechei-os na luz do sol
e despertei em plena escuridão.

As lágrimas escaparam, em vão
Os lírios de outrora, murchos estão
O tempo é marcado, pretérito
A dor me consome, inverno.

sábado, 10 de outubro de 2009

Frase

Lembrar significa dar importância ao que foi muito especial, ao que poderia ter sido especial e também ao desastre.

Um sonho a dois




Já sonhei, não sou tão diferente assim dos demais.
Porém, “meu sonho” ainda é pequeno
diante do “nosso sonho”



Já amei, oh, mundo das idéias.
Entretanto, o que me envaideceu foi saber que nos amamos,
compartilhamos, crescemos, acrescentamos...



Já esperei, vivi de saudades e promessas.
Todavia, esperamos construir cada ramificação deste edifício.
Edifício que hoje é nosso



Nosso sonho, nosso amor e nossa espera...

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Evite as reticências



 



Teu discurso já não é tão eloqüente
Pergunto-me como um dia persuadia
Homens, mulheres, crianças, tanta gente.
Que podia sem seus palpites viver o dia



Completa seus pensamentos,
Ousa em dizer o até então indizível
Não coloque três pontos entre seus sentimentos
Pois, senão, eles serão lacunas para um ser sensível.



Busque empregar o pingo no i e no j minúsculo também
Tente entender o subjetivismo alheio, entretanto, seja objetivo.
Não espere que o outro dê continuidade a uma frase SUA
Não acredite que apenas sua voz muda tudo, aja.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Procure entender

   Sabe quando você se questiona acerca de um questionamento que deveria ser alheio? Pois bem, assim que estou hoje, delirando nas interrogações que nem me pertencem ou que julgo não me pertencer.
Meu dia passou como os outros, sempre com um "Q" diferente, uma aprendizagem que conduz o meu crescimento. Aprendi que os outros me veem com características que nem eu pensava, me veem como penso ser também, algo coerente neste mundo desgovernado.
     Certo, e as perguntas? E o meu dia? Ah, hoje eu pensei em resolver os problemas dos outros. Você deve estar pensando que eu não tenho problemas, por isso, focar nos dos outros. Engana-se, tenho sim, porém consigo contorná-los e até soluciná-los bem, os meus, agora uma questão suprema, que estou tentando melhorar, é o alheio.
     Incomoda-me saber a direção e não poder falar com sinceridade, posso deixar uma pessoa sem um amor que ela acredita ter, posso tirar as referências de alguém em um segundo, posso desfazer sonhos e posso não dormi à noite por não ter feito nada e continuar vendo as pessoas que estimo nesse abismo chamado sofrimento.
      Não admito não escolher. Creio que a ação precisa ser executada, não me esconderei, não mais. Estou prestes a lançar "o grito", como Munch.


O Grito - Much

sábado, 12 de setembro de 2009

Nunca


Nas minhas frases declarativas
Nos questionamentos ou exclamações
Num sonho há muito sonhado
Nesse presente momento, que presente!
Um dia para nós
Um olhar para conectar
Um sorriso para aproximar
Um beijo, início!
Não posso imaginar meus dias sem a espera
Não quero o comum
Nem o sobrenatural, apenas você
Nada mais!
Como o sol que renasce a cada manhã
Como o brilho intenso das estrelas
Como a tempestade
Como as lágrimas dos famintos, dos que enfrentam a guerra...
Amo amar sem rótulos
Amo inventar o meu amor
Amo os equívocos, os soluços, a volúpia, a sede
Amo lutar pelo que acredito...
E nunca, nunca desistirei!

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Despertaste-me


Meus olhos pesaram, meu corpo exigiu repouso
Mas meu desejo despertava-me
Luta indomável
Que pensei cessar
Quando o silêncio predominou no recinto.
Abriram a porta, não acompanhei os passos
Mas, eles em minha direção vinham
Adormecida vi o que quis
Apenas uma linguagem reinava
Adeus verbo
Comunicação intensa
Emitia e recebia cada toque
Acorde!
A quem queria enganar?
A muito já havia despertado, e a comunicação persistia
Diálogo primitivo
Queimava
O ar se escondia
Ouvidos alheios podiam ouvir as exaltações
Ouviram-se? O tempo não permitiu observações gerais
Restringia-se ao som da cobiça
E o verbo se fez presente, depois foi passear
E o sono voltou em seu lugar
Adormeci, acordei e o verbo silencioso estava do lado do meu travesseiro.

Ritmo



Não me adapto a certos ruídos
Eles também não se sentem atraídos por mim
Há uma relação de negativa mútua
E não me incomodo com os rótulos a mim atribuídos por essa razão
Nem tão pouco com essa indiferença recíproca.
Minha angústia consiste em bailar no meu ritmo,
Em seguir a minha melodia,
Em descobrir a combinação de novas notas,
Em explorar meu corpo em movimento
E sentir que a canção ainda está no início,
Que eu posso parar, rever, respirar
E sentir o sentido da vida.
Se uns se repelem,
Bendito os que se atraem
Sons a se misturarem
Junções que embalam ações
Ações conduzidas
Recriminadas
Aclamadas
Sonhadas
Desprezadas
Aplaudidas
Ah, admiradas e odiadas.
Lágrimas, sinto seu som
Há gritos, desespero
Os ruídos são alheios, apenas alheios.

domingo, 2 de agosto de 2009

Eu e outros eu


O mundo que eu vivo não me permite sentir minha própria pulsação
Ele exige que eu esteja sempre pronta e disposta
Mas nem se quer pergunta se posso ir
Ele me envia a lugares que eu, no meu eu, não iria
Penso que posso fugir de suas entranhas
Inocência? Ignorância?
Suas larvas respingam em mim, já sou um pouco delas.
Exílio, clama o eu interior
O ruído predomina na multidão
Trabalho, estudo, dinheiro, padrão
TV, jornal, revista, internet, máquinas
Onde estão as pessoas?
Onde estão as respostas?
Onde está meu eu?
Onde está?


MeU


EU...

sábado, 1 de agosto de 2009

Chamado


Se eu o chamo não é em vão
Há detritos
Os farejo, consumo-os
e essa overdose me faz viva
Dou trote nos meus desejos
Conecto ao que meus olhos julgam ser seu
E me perco nesta vaidade.
Inspiro a fragrância da ilusão
E expulso toda a realidade
ao chamá-lo e nem um sinal receber
Questiono-me, há falhas nessa comunicação?
Será que não funciona minha expressividade?
Ou a falha está no canal?
Se for, repetirei o chamado com mais enfâse
Testarei, ouviu?
Só silêncio...
A ausência da palavra pode ser uma resposta
porém, enquanto, a palavra não se apresentar pelo chamado
Vou monologando...